Nenhuma batida. Nem sinal de campainha. Impulso para abrir aporta. Abri. Mulher na soleira. Rosto jovem, pele de pêssego, nariz helênico, cabelos castanhos descansando nos ombros, espraiando-se pelas costas. Brilhando. Seu corpo era praia. Seios tímidos, insinuando lírica. Vestido longo, azul, cobrindo-a até os pés. Sorriso branco, paz, gestos sutis.Feminina. Frágil. Flor. Perfume exótico, envolvendo o pequeno espaço da soleira até minha surpresa, minha emoção e meu encantamento. Por cima do ombro, no primeiro degrau da escada...uma garrafa. Tampa ao lado. Leve fio de fumaça bailava no ar suaves traços...dançantes. Tomei sua mão e a fiz entrar. Caminhava, ou melhor, levitava suavemente para dentro da casa, que naquele momento mágico, se transformava em palácio. Colunas e escadarias de rico mármore. Cortinas de veludo. Cristais, prata, ouro, ornamentavam os salões. O sol invadiu as cortinas e seus raios descansavam nos tapetes persas, escrevendo poemas iluminados. Ofereci-lhe água e frutas; talvez desejos seculares. Levemente, com as pontas dos dedos, tocou meus lábios. Acariciou meus cabelos e, com sutileza, repousou minha cabeça em seu ombro...esquerdo. Coração pulsando, falando serenidade.Ah!...Sensação desejada há mil anos!...
"Sou eu", balbuciou no meu ouvido. Ah!...o calor do seu hálito na minha face!...Soltei-me do seu corpo e, correndo, fui apanhar a garrafa e a tampa no degrau da escada.
Queria tampá-la com segurança, para tê-la para sempre. Pela eternidade. Voltei-me e não a vi mais na sala. Nem os mármores, as escadas, as colunas, as cortinas de veludo, nem os cristais, a prata ou o ouro. Nem os tapetes persas. Só os raios de sol, continuavam escrevendo poemas de amor no piso frio.
Barulho de louça na pia da cozinha. Lá estava ela, lavando nossos pratos, corpos e talheres.
– Puxa, querida, por que me deixou dormir tanto? – Ah!...como te amo, minha querida esposa!
Do livro "Lá Fora" de Munir zalaf / Jornal da Cidade - Bauru
"Sou eu", balbuciou no meu ouvido. Ah!...o calor do seu hálito na minha face!...Soltei-me do seu corpo e, correndo, fui apanhar a garrafa e a tampa no degrau da escada.
Queria tampá-la com segurança, para tê-la para sempre. Pela eternidade. Voltei-me e não a vi mais na sala. Nem os mármores, as escadas, as colunas, as cortinas de veludo, nem os cristais, a prata ou o ouro. Nem os tapetes persas. Só os raios de sol, continuavam escrevendo poemas de amor no piso frio.
Barulho de louça na pia da cozinha. Lá estava ela, lavando nossos pratos, corpos e talheres.
– Puxa, querida, por que me deixou dormir tanto? – Ah!...como te amo, minha querida esposa!
Do livro "Lá Fora" de Munir zalaf / Jornal da Cidade - Bauru
0 comentários:
Postar um comentário