Como um escurão noturno pontilhado por vaga-lumes, vai a vastidão da vida de um ser sensível aos males que o cerca abrindo covas em seu peito de onde brotam lágrimas que inebriam seu olhar já sexagenário.
Porém, o desafio maior é conviver com a cicatriz do tempo que volta e meia ainda sangra, e nos remete a cenas que sempre presente são como chumbo a nos calar nos ombros.
Lembro-me que em uma tarde seca de setembro ainda antes da primavera, o crepúsculo tingia de escarlate o garço horizonte, o sol parecia arrastar consigo a última nesga do dia, a noite chegava com a lassidão do tempo e os pássaros buscavam abrigo na restinga que sombreava os barrancos de um caminho fundo por onde descia um animal em busca do rio, aves noturnas ensaiavam seus primeiros vôos, o breu da noite levava um curiango aos primeiros piados que alternava com uma coruja que também piando rasgava a noite e chegavam como arrulhos nos ouvidos de um labrego que da soleira do seu beira chão assistia o inexorável envolver noturno que mal deixava ver uma figueira solitária e carrancuda lindeira a um corredor onde todas as manhãs um procissão camponesa esgueirava pelo barranco fugindo dos capins ornados por perolas de orvalho.
Há também uma velha paineirona de tronco pedregoso cujos espinhos eram como cornijas ali depositados pelo tempo para embelezar tão portentoso caule que a quase meio século ostenta uma enorme copa onde um galho seco aponta para o poente fitando o por do sol, é nessas árvores que residem toda a prosa, poesia, sentimento de saudades, todo o credo, crença. fé e a própria alma de um caboclo...
– Lazaro Carneiro / JC - Bauru
Porém, o desafio maior é conviver com a cicatriz do tempo que volta e meia ainda sangra, e nos remete a cenas que sempre presente são como chumbo a nos calar nos ombros.
Lembro-me que em uma tarde seca de setembro ainda antes da primavera, o crepúsculo tingia de escarlate o garço horizonte, o sol parecia arrastar consigo a última nesga do dia, a noite chegava com a lassidão do tempo e os pássaros buscavam abrigo na restinga que sombreava os barrancos de um caminho fundo por onde descia um animal em busca do rio, aves noturnas ensaiavam seus primeiros vôos, o breu da noite levava um curiango aos primeiros piados que alternava com uma coruja que também piando rasgava a noite e chegavam como arrulhos nos ouvidos de um labrego que da soleira do seu beira chão assistia o inexorável envolver noturno que mal deixava ver uma figueira solitária e carrancuda lindeira a um corredor onde todas as manhãs um procissão camponesa esgueirava pelo barranco fugindo dos capins ornados por perolas de orvalho.
Há também uma velha paineirona de tronco pedregoso cujos espinhos eram como cornijas ali depositados pelo tempo para embelezar tão portentoso caule que a quase meio século ostenta uma enorme copa onde um galho seco aponta para o poente fitando o por do sol, é nessas árvores que residem toda a prosa, poesia, sentimento de saudades, todo o credo, crença. fé e a própria alma de um caboclo...
– Lazaro Carneiro / JC - Bauru
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