Meus olhos petrificados, impossibilitados de pestanejar, olhavam ansiosos para a entrada da sala de estar, pois a qualquer momento alguma coisa desconhecida poderia sair de lá. Agora não podia mais recuar, estava bem à vista e me faltavam forças para reagir e até para correr. Então tudo ficou quieto outra vez. Nunca pensei que minha imaginação fosse tão ágil em aperfeiçoar todos os meus medos; e logo que tentava desfazer alguma idéia escabrosa, ela logo colocava outra na fila.
Num momento de lucidez, não sei como, cheguei a pensar que ela, minha imaginação, era meu maior inimigo. Percebi então que era mesmo, pois sempre que eu removia um medo apelando para o bom senso, ela lançava novas e fantásticas teorias sobre quase todas as coisas capazes de me fazer medo. De real havia apenas a casa sem pessoas, e apenas aquele ruído, que como não se repetiu, podia mesmo ter sido minha imaginação que o criara, e mais nada. No entanto, ela, minha imaginação já me convencera várias vezes, num curto espaço de tempo, que minhas horas estavam contadas. Encostei-me na parede e me arrastei para mais próximo da entrada da sala de jantar por onde eu entrara. Não sei como fiz isso, e então comecei a sentir algo estranho. Era um cheiro como de uma flor, um cheiro meio adocicado, muito suave.
Os móveis então começaram a ficar tortos, deformados, e alguns com a aparência, como estivessem se derretendo. Tentei sair dali e vi que meus movimentos estavam afetados, meus músculos dormentes, e os móveis continuavam a derreter. Vi quando minha mãe entrou correndo na sala, usava uma coisa engraçada no rosto, parecia uma máscara contra gases, sua voz estava esquisita, como se estivesse brincando de imitar um pato. Ela me pegou pelo braço e me tirou da sala; mas antes me repreendeu severamente dizendo: Menino, já não te disse que quando os moradores dedetizarem a casa, você deve ficar de fora? De que adianta entrar numa casa onde não existem insetos? É certo que nós as lagartixas somos vacinadas contra o DDT, mas ele provoca dores de barriga e urticária, e até alucinações. Ainda bem que voltei mais cedo do mercado, pois não me saía da cabeça que você estava por aqui... páginas(1)(2)
Notas:
Alberto Grimm, é escritor de histórias infantis, e agora nos presenteia com seus contos. Os contos são fábulas modernas, das quais sempre podemos extrair formidáveis lições de vida, que muito favorece à reflexão.
http://www.sitededicas.com.br
Num momento de lucidez, não sei como, cheguei a pensar que ela, minha imaginação, era meu maior inimigo. Percebi então que era mesmo, pois sempre que eu removia um medo apelando para o bom senso, ela lançava novas e fantásticas teorias sobre quase todas as coisas capazes de me fazer medo. De real havia apenas a casa sem pessoas, e apenas aquele ruído, que como não se repetiu, podia mesmo ter sido minha imaginação que o criara, e mais nada. No entanto, ela, minha imaginação já me convencera várias vezes, num curto espaço de tempo, que minhas horas estavam contadas. Encostei-me na parede e me arrastei para mais próximo da entrada da sala de jantar por onde eu entrara. Não sei como fiz isso, e então comecei a sentir algo estranho. Era um cheiro como de uma flor, um cheiro meio adocicado, muito suave.
Os móveis então começaram a ficar tortos, deformados, e alguns com a aparência, como estivessem se derretendo. Tentei sair dali e vi que meus movimentos estavam afetados, meus músculos dormentes, e os móveis continuavam a derreter. Vi quando minha mãe entrou correndo na sala, usava uma coisa engraçada no rosto, parecia uma máscara contra gases, sua voz estava esquisita, como se estivesse brincando de imitar um pato. Ela me pegou pelo braço e me tirou da sala; mas antes me repreendeu severamente dizendo: Menino, já não te disse que quando os moradores dedetizarem a casa, você deve ficar de fora? De que adianta entrar numa casa onde não existem insetos? É certo que nós as lagartixas somos vacinadas contra o DDT, mas ele provoca dores de barriga e urticária, e até alucinações. Ainda bem que voltei mais cedo do mercado, pois não me saía da cabeça que você estava por aqui... páginas(1)(2)
Notas:
Alberto Grimm, é escritor de histórias infantis, e agora nos presenteia com seus contos. Os contos são fábulas modernas, das quais sempre podemos extrair formidáveis lições de vida, que muito favorece à reflexão.
http://www.sitededicas.com.br
0 comentários:
Postar um comentário