por Claudia Oliveira
Um dia vovô Braulino saiu para puxar picaré na praia da Enseada como de costume. Ele foi com o tio Jovelino, pois para puxar o picaré era preciso duas pessoas. A rede de malhas finas, tinha madeiras roliças nas pontas. Assim um homem segurava no raso e o outro ia caminhando pelo mar puxando de vargazinho, fazendo um cerco capturando um amontoado de peixes de diversas espécies: Paratis, Tainhas, Sargos e tantos outros que faziam parte das refeições dos caiçaras, moradores à beira-mar. Logo após a pescaria tio Jovelino colocou todo o pescado no samburá, cesto de palha, e tratou de levá-los logo embora para que vovó Maria pudesse consertar o peixe, ou seja, limpá-lo e distribuir para toda a família. Vovô Braulino ficou mais um pouco.
Caminhou até o lado esquerdo da praia quando percebeu a presença da bruxinha Brisa. Toda tristonha, estava sentada desajeitadamente em uma pedra da costeira com lágrimas nos olhos. Vovô Braulino todo preocupado, foi logo perguntando o que deixara daquele jeito. Ela, tímida, foi falando aos poucos em meio de soluços que não aguentava mais ser tão desastrada! Tudo que fazia parecia errado, mesmo quando tentava acertar. Sempre tropeçava em alguma coisa, derrubava leite na mesa ou caía tudo por onde passava. Vovô muito paciente disse: – Vou lhe contar a história do início do mundo! Foi aqui mesmo nas terras de de Yperoig. Mais precisamente na praia do Costa. Fica entre a praia Vermelha da Fortaleza e a praia Vermelha do Sul. "No início do mundo era tudo preto e branco. Um dia São Jorge reuniu todos os anjinhos. Deu pra cada um uma pena de passarinho, dizendo: – Pintem todas as flores do mundo com as belas cores do arco-íris. Todas as tardes um pouco antes do anoitecer os anjinhos em fila apresentavam suas tarefas. Um deles era muito desastrado! Quando foi apresentar suas florzinhas pintadas, elas escaparam de suas mãos despetalando-se!! Então, cheio de medo, ficou no fim da fila com as mãos trêmulas. Ao apresentar sua pequenina mão de Santo, teve uma surpresa maravilhosa!
São Jorge soprou as pétalas e, por puro milagre, surgiram incríveis espécies de borboletas de diferentes formas, tamanhos e cores. O mais incrível é que elas moram até hoje na praia do Costa ficando em volta de dois imensos pés de pitangas. O que quero dizer dona Brisa é que todos temos defeitos assim como também qualidades. E quando aprendemos a nos aceitar exatamente como somos, os outros passam a nos amar assim mesmo e a nossa vida fica mais feliz.
Como São Jorge ensinou ao desastrado anjinho, se não fosse ele, talvez não existiriam as belas borboletas. Brisa ainda intrigada com as informações que vovô relatava sentia-se melhor. Levantou-se, pegou sua vassoura e despediu-se do vovô dizendo: "Muito obrigado, até logo". E rumou para a região sul até a praia do Costa e lá brincou junto aos pés de pitangas com as muitas borboletas de espécies diferentes, coloridas, grandes e pequenas até ao amanhecer.
– Ubatuba em revista - ano 1 nº 5 - 08/09
http://www.ubatubaemrevista.com.br/
Um dia vovô Braulino saiu para puxar picaré na praia da Enseada como de costume. Ele foi com o tio Jovelino, pois para puxar o picaré era preciso duas pessoas. A rede de malhas finas, tinha madeiras roliças nas pontas. Assim um homem segurava no raso e o outro ia caminhando pelo mar puxando de vargazinho, fazendo um cerco capturando um amontoado de peixes de diversas espécies: Paratis, Tainhas, Sargos e tantos outros que faziam parte das refeições dos caiçaras, moradores à beira-mar. Logo após a pescaria tio Jovelino colocou todo o pescado no samburá, cesto de palha, e tratou de levá-los logo embora para que vovó Maria pudesse consertar o peixe, ou seja, limpá-lo e distribuir para toda a família. Vovô Braulino ficou mais um pouco.
Caminhou até o lado esquerdo da praia quando percebeu a presença da bruxinha Brisa. Toda tristonha, estava sentada desajeitadamente em uma pedra da costeira com lágrimas nos olhos. Vovô Braulino todo preocupado, foi logo perguntando o que deixara daquele jeito. Ela, tímida, foi falando aos poucos em meio de soluços que não aguentava mais ser tão desastrada! Tudo que fazia parecia errado, mesmo quando tentava acertar. Sempre tropeçava em alguma coisa, derrubava leite na mesa ou caía tudo por onde passava. Vovô muito paciente disse: – Vou lhe contar a história do início do mundo! Foi aqui mesmo nas terras de de Yperoig. Mais precisamente na praia do Costa. Fica entre a praia Vermelha da Fortaleza e a praia Vermelha do Sul. "No início do mundo era tudo preto e branco. Um dia São Jorge reuniu todos os anjinhos. Deu pra cada um uma pena de passarinho, dizendo: – Pintem todas as flores do mundo com as belas cores do arco-íris. Todas as tardes um pouco antes do anoitecer os anjinhos em fila apresentavam suas tarefas. Um deles era muito desastrado! Quando foi apresentar suas florzinhas pintadas, elas escaparam de suas mãos despetalando-se!! Então, cheio de medo, ficou no fim da fila com as mãos trêmulas. Ao apresentar sua pequenina mão de Santo, teve uma surpresa maravilhosa!
São Jorge soprou as pétalas e, por puro milagre, surgiram incríveis espécies de borboletas de diferentes formas, tamanhos e cores. O mais incrível é que elas moram até hoje na praia do Costa ficando em volta de dois imensos pés de pitangas. O que quero dizer dona Brisa é que todos temos defeitos assim como também qualidades. E quando aprendemos a nos aceitar exatamente como somos, os outros passam a nos amar assim mesmo e a nossa vida fica mais feliz.
Como São Jorge ensinou ao desastrado anjinho, se não fosse ele, talvez não existiriam as belas borboletas. Brisa ainda intrigada com as informações que vovô relatava sentia-se melhor. Levantou-se, pegou sua vassoura e despediu-se do vovô dizendo: "Muito obrigado, até logo". E rumou para a região sul até a praia do Costa e lá brincou junto aos pés de pitangas com as muitas borboletas de espécies diferentes, coloridas, grandes e pequenas até ao amanhecer.
– Ubatuba em revista - ano 1 nº 5 - 08/09
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