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"Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas ajuda-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo."
Galileu Galilei

7 de maio de 2010

MÃE

Os lençóis não cobrem todo o corpo:
há buracos cerzidos, invisíveis,
pelos quais entra um vento de alfinetes.

Inútil superpor camadas de tecido
para atenuar o efeito perfurante:
nem mesmo cobertores vedariam
pontos invisíveis, como ducha
a percutir no frio da pele tensa.
Também inútil tentar ver tais furos
mesmo com requintes da ciência.

Ela sabe mais.

Não sabemos donde vem tanto saber.
Atordoa-nos, retira-nos do sono:
procuramos, em vão, em livros vários
entender o segredo do seu verbo.

Ela fala mais.

Quem fala, quem sabe a essa hora
em que toda ciência desmorona ?

Não carecemos de sabedoria:
precisamos de tintas, muitas cores
a escorregar no branco das paredes,
a salpicar de tons lençóis inúteis,
a tingir objetos incolores.

Precisamos de luzes, muitas luzes,
a iluminar essa sombra persistente
no palco em que atores estão postos
(esse zumbir perpetuado em nossas mentes).

Ela pode se calar.

Então, crescem segredos do seu ventre:
retira do seu corpo seus pertences
e os entrega a cada um,
cantando uma canção dolente.

Lá-lá-lá-lá, quem vem lá?
É ela. Sonhamos com seu rosto
iridente.

Ela sorri nos sonhos, nos acena,
nos toma no seu colo,
inventa histórias, rimas,
cantigas estranhas, persistentes.

Seus olhos quais colméias —
inquietude e faina;
seus braços se distendem,
e o balbucio amaina.

Lá-lá-lá-lá, quem vem a.
É ela. Sonhamos com sua face
incandescente.

Como é seu nome ?
Como chamá-la, esfinge,
ou responder, se o desvairio
nos atinge ?

Ensina-nos a precariedade das respostas,
a matéria volátil de que são feitas rosas.

Lá-lá-lá-lá, quem vem a.
E ela. Cada vez mais
sorridente.

Mas se não fosse ela,
há muito tempo,
restaríamos sem teto,
soltos, ao relento.

Ela arredonda os braços
e acolhe essa louca prole.
Se é impossível dormir a seu lado,
mais impossível abandonar o fado:
essa rota de abismos
que nos recolhe

e nos reverte
ao momento da semente.

– Maria da Conceição Paranhos / http://www.jornaldepoesia.jor.br/poesia.html

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QUEM LÊ SABE MAIS .

05 / 08 / 2010 Arqueólogos encontram complexo subterrâneo em pirâmide no México
http://www.ambientebrasil.com.br/

Um complexo subterrâneo foi localizado sob a pirâmide de Quetzalcoatl, no sítio arqueológico de Teotihuacán, conforme divulgou o Instituto Nacional de Antropologia e História mexicano (INAH).

A construção, composta por um túnel, daria acesso a uma série de galerias sob o templo dedicado a uma das principais divindades astecas, com aspectos de serpente e de pássaro.

Segundo os arqueólogos, a entrada do complexo estaria há 12 metros de profundidade e foram necessários oito meses de escavações para descobri-la.

Os especialistas acreditam que o local pode conter os restos de governantes da antiga cidade no centro do México.

A entrada do túnel teria sido fechada há 1,8 mil anos pelos habitantes e a estrutura é anterior à construção do tempo de Quetzalcoatl. O local recebia oferendas diversas como ornamentos fabricados com conchas, jade, ardósia e obsidianas.

Ao todo, o complexo teria 100 metros de profundidade. Descoberto em 2003 por Sergio Gómez e Julie Gazzola, o complexo só pode ser explorado após sete anos de planejamento e captação de recursos financeiros. A equipe que realizou o trabalho é composta por 30 profissionais.

– (Fonte: G1)

" FRASEANDO "


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